sábado, 24 de outubro de 2009
Na esquina da vida
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
Carta a um Querido Diretor
A vida aqui fora também não tem me ajudado. Pai doente, pressão no trabalho, casamento à vista, final de ano. Porém, sei que posso listar motivos para não estar por inteira no palco, e mesmo assim nada justificará.
domingo, 20 de setembro de 2009
Enclausurada
domingo, 13 de setembro de 2009
Lua Úmida
E ela molhou. Foram só gotinhas. Um chuvisco bom, depois de um dia repleto de sol.
Ainda, romântica, acredito que o sol e a lua são amantes. E quando o sol nasce com brilho; a lua, à noite, vem úmida.
Me despedi dele debaixo dessa lua. Acarinhada pela chuva. E lembrei de sentir. A vida, o beijo, a lua que há em mim...
Imagem: Wet Moon - Digit@l Pixel
segunda-feira, 31 de agosto de 2009
Quase Nada...
Atrasa o meu relógio
Acalma a minha pressa
Me dá sua palavra
Só o que me interessa..."
Os dias têm passado por mim como um dia chuvoso. Desses, recentes, que você já nem sabe mais se são as águas de março, a garoa fina de Sampa ou a massa polar que anuncia o inverno. No entanto, te encharcam.
Quando vê, é verão. Quando vê, é final do outono. Quando vê, não é mais aquela cidade. Quando vê, já é dia primeiro do outro mês. Quando vê, cadê você? Foi engolido.
E acho, mesmo, que esse tal devorador é o que nomeamos de caos. Caos do pensamento, caos da ampulheta, caos da urgência de tudo e todos. Vivemos o caos do instantâneo. A cura tem que ser rápida; a ferida, superficial; os desejos, fugazes.
Garanto que nesse caos ninguém suportará viver sem buscar algo ou alguém. É preciso que esta busca ecoe em nós um pedido sincero de quase nada...
Ilustrações: 10 pãezinhos (Gabriel Moon e Fábio Bá)
Ruído deste post: "É o que me interessa" - Lenine
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
Figurino ou Figurante? Eis a questão.
Achei. Achei o tom certo, a largura ideal, o detalhe relevante, a combinação genial que revelassem com espontaneidade o ser complexo por de trás de todos aqueles elementos. O outro passou a me reconhecer nas exibições mais cotidianas. E eu, figurante, passei a ter nome, jeito, voz. Passei a existir neste palco da vida.
Hoje, quando páro para pensar no tempo gasto com a reflexão do figurino, sofro. Acredito que deveria ter sido mais figurante. Poderia ter atuado mais, ter me atentado às sensações, ter ensaiado com mais dedicação o que é ser, apenas, o arbusto do espetáculo.
Fiquei lá fora. Quando devia ter ficado aqui dentro. Ou será o inverso: Fiquei aqui dentro. Quando deveria ter ficado lá fora?
Não sei. Sei que optei pelo figurino e me vejo agora buscando ser, apenas, figurante.
terça-feira, 28 de julho de 2009
Tosse Seca
Segunda. Segunda ela resolveu dizer a que veio. E no espaço de pequenos intervalos de minutos, ela me arranhava. É, arranhava. Unhas secas, ásperas. Tentei disfarçar, joguei água para encobrir a aridez que ela deixou em mim. Forçou o meu olhar para a ferida que ela mesma me causou. Será? Nessas horas me sinto mal ao culpabilizá-la. Sei, bem, que a ferida já estava lá, ela só arranhou. Quase como um lembrete na tal página do calendário, no tal dia.
Terça. Ela ainda está aqui comigo. Uma amiga acaba de me dizer que ela deve permanecer instalada em mim, ainda, durante os próximos trinta dias. Nunca gostei de visitas. Nunca suportei que meu espaço fosse invadido, sem licença, sem anunciação. Ironicamente, ela pouco se importou com isso, e pelas entrelinhas ( o feitiço contra o feiticeiro), manda dizer que veio, mesmo, me salvar. Quer me ajudar a expressar tudo que há de secreto em mim. Disse, sem metáforas ou afins, que estou árida. Que ela é apenas tosse. Seca, sou eu.
domingo, 21 de junho de 2009
Como conquistar o gato dos seus sonhos...
Confesso que algumas, raras, vezes eu até faço um esforço de não julgar o texto pelo título e arrisco aprender algo com o conteúdo. Ontem, li sobre dicas infalíveis de sedução. Perda de tempo, eu sei. Mas, sabe como é, tentei, não sou adepta da rotina na vida a dois. "Você, mulher, que tem uma personalidade mais tímida, seduza o gato dos seus sonhos deixando, claro, nas entrelinhas, que por trás da menina tímida - seu charme - há uma mulher selvagem e desinibida."
Reflita comigo: a frase está péssima, a dica é abstrata e generalista, o termo gato dos seus sonhos é brochante e a mulher selvagem e desinibida parece personagem de filme do Canal Brasil. Qual a utilidade pública disto?
Dependendo do leitor, nenhuma. No entanto, para alguém, como essa que vos escreve, que quer achar metáforas e histórias em qualquer horinha de descuido, houve alguma. Inventei uma análise sobre os diferentes tipos de escrita. Conclui que minha escrita é tímida: me expresso pelas entrelinhas. Acho poético. Não sei escrever vulgarmente, ou seja, com decotes e mini-saias, sem reticiências e com pingos no "i". Acredito que para prender o leitor, vulgo, o gato dos meus sonhos, é preciso deixar subtendido. "Foi isso, mesmo, que ela quis dizer?", "Como ela adivinhou o que eu sentia?", "Isso foi erro de português ou foi propositalmente, e eu que não compreendi a suposta poesia dela?".
Não, isso não quer dizer manipulação ou ausência de sinceridade para com o leitor. Pelo menos, não encaro assim, odeio joguinhos amorosos. Me baseio na simples regra de que quando estou na posição de leitor, escolho textos e autores - e parceiros - que respeitam minha individualidade e minha capacidade reflexiva, ou seja, que estimulam minha própria fantasia, e não agem como ditadores, expondo o ponto de vista deles como se esta fosse a realidade nua e crua.
Então, aviso de antemão, este blog é entitulado "Ruídos Silenciosos" não por acaso, e, sim, por timidez.Porém, em nome da busca pela escrita selvagem e desinibida, confesso: o "s" subtendido no endereço virtual deste mesmo blog não é erro de português, é charme literário.
Ah!Para quem leu este post até o final em busca do prometido no título "Como conquistar o gato dos seus sonhos...", fica a dica sem utilidade alguma: Meninas, muitas vezes o gato dos seus sonhos acha um tesão sua nuca, seu sorriso, seu pé ou seu pulso. Os peitos, a bunda e as coxas não são unanimidade e nem precisam chegar na balada antes que você mesma, para que o outro enxergue a sensualidade que, garanto, há em cada uma de nós.
Ruído - clichê - deste post: "Apenas mais uma de amor", Lulu Santos.
terça-feira, 17 de março de 2009
Naufrágio
Contrario Galileu, e afirmo: o mundo das sensações é quadrado. Termina num abismo sem fim. Por isso os homens o temem tanto e ancoram suas caravelas. O meu barco vai à deriva. Cruza com inúmeros portos, mas nenhum me prende o bastante. Chego até o fim do horizonte e me deparo com o nada. Com o próximo passo: o fim.
Os caminhos são curtos e logo alcanço a beira do abismo. Toda viagem é assim. Rápido estou no adeus; que, ironicamente, nunca é dito.
Caminhos curtos e intensos. Maré adequada. Nada de temporais. Vento sul. O início da viagem é sempre encantador, diria assim, inspirador. O fato é que nas minhas navegações não existe o meio. Não existe o cotidiano, a rotina. Não há marinheiro que sobreviva sem a certeza das ondas.
Quero sim, a surpresa do vento leste. Quero sim, a paixão dos piratas. Quero sim, os lemes quebrados e as rotas mudadas. Mas hoje, mais do que nunca, quero tripulação a bordo para me acompanhar. Quero rotina, quero pesca ao meio dia. Quero nós a serem dados no alvorecer e entardecer. Quero reclamar da rotina e da solidão, mas cansei do espelho e dos fantasmas a me ouvir. Quero domingos entediantes.Quero pôr do sol de mãos dadas. Quero luar no ombro amado.
O fim é certo, eu sei. Quem não sabe? Só preciso de uma âncora. Por uns instantes, de um porto seguro. Terra firme a me suportar. Procuro no mapa, tal lugar. Traço rotas e desvios. Não procuro tesouros, índios, cartas à Imperador, posses e triunfos. Quero, emprestado de Cabral, somente a frase: “terra à vista”. E me dou por conquistada.
quinta-feira, 5 de março de 2009
Ruídos Silenciosos
Se olho, hoje, para trás, me dou conta que naquele canto azul vivi as maiores e mais importantes conquistas da minha vida, e a maioria permanece comigo. Quando falo em conquista, não estou me referindo ao emprego, à conta no banco ou à pós-graduação. Quando falo em conquista, falo em pessoas e sentimentos. A meu ver, o fundamental.
Tenho saudades daquele canto azul. Da Renata poética que nele se permitia escrever sem censura, sem o compromisso de ser direita. Dos sentimentos que nomeie e dos sentimentos que percebi que não teriam, nunca, letrinhas correspondentes.
Naquele canto azul vivi de amores. Por mim, pelo outro, pela literatura. Aquele cenário, foi meu divã. Aquele cenário, foi meu cupido. Aquele cenário, foi meu bar da esquina.
E é em nome dele, do canto azul, que volto a esta telinha.
Não, o canto azul não é uma dessas praias paradisíacas. A cadeira não é de praia, é de escritório. O mar não é azul, é essa rede sem fim que chamamos de internet. O ruídos silenciosos foi mais um desses tantos blog´s espalhados nesse oceano de informações. Como esse que crio agora.
E, mesmo assim, aquele ruído fez tanto barulho em minha vida...