Passei uma vida refletindo sobre a importância dos figurinos. O quanto a estética é instrumento de expressão da busca do quem sou eu. Não falo da estética que se reduz na superficialidade da maioria de nós. Buscava aquela que pudesse contar através de cada cor, costura, acessório o que se passava na mente (e no corpo) daquela tal personagem. Eu.
Achei. Achei o tom certo, a largura ideal, o detalhe relevante, a combinação genial que revelassem com espontaneidade o ser complexo por de trás de todos aqueles elementos. O outro passou a me reconhecer nas exibições mais cotidianas. E eu, figurante, passei a ter nome, jeito, voz. Passei a existir neste palco da vida.
Hoje, quando páro para pensar no tempo gasto com a reflexão do figurino, sofro. Acredito que deveria ter sido mais figurante. Poderia ter atuado mais, ter me atentado às sensações, ter ensaiado com mais dedicação o que é ser, apenas, o arbusto do espetáculo.
Fiquei lá fora. Quando devia ter ficado aqui dentro. Ou será o inverso: Fiquei aqui dentro. Quando deveria ter ficado lá fora?
Não sei. Sei que optei pelo figurino e me vejo agora buscando ser, apenas, figurante.
O regresso às feiras!
Há 6 anos
Entendo muito (se não completamente) sua dor. Sei o que é buscar por um caminho e ver a (nossa) resposta ecoar na trilha ao lado.
ResponderExcluirMas não se esqueça que figurante sem figurino não é figurante (a não ser nas peças do Marques de Sade). E não se esqueça também que a marca das flores, rendas e babados são reflexos de uma figurante linda e excêntrica com muito valor!
Busque o (ser) figurante, mas não tire nunca (quase nunca) o figurino!
Figurante e figurino são somente formas de expressar o nosso ser... Ser o figurante e ou figurino pode tornar a nossa alma prisioneira das formas de atuação...
ResponderExcluirA verdadeira sabedoria é saber usar os papéis que a sociedade criou para a nossa alma, se adequar e conseguir viver nos mundos mais variados, dando assim, liberdade de atuação para o nosso ser...
Sou sua fã.