quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Carta a um Querido Diretor


Diretor,

mais uma noite de quarta sem dormir. Fico, cá com meus botões, revendo os erros que cometi em cima daquele palco sagrado. Não, os erros não são por ausência de direção, são como você bem disse, por ausência de atenção.

Sei a coreografia, sei o momento da fala, sei qual deve ser a intenção de cada cena da nossa Mansão. Mas não sei estar ali por inteira. Me falta um pedaço. É como se a minha ansiedade em querer acertar, roubasse o que há de mais encantador no ser artista.

A vida aqui fora também não tem me ajudado. Pai doente, pressão no trabalho, casamento à vista, final de ano. Porém, sei que posso listar motivos para não estar por inteira no palco, e mesmo assim nada justificará.

O fato é que falta pôr mente e corpo para se falarem. É preciso que eles sejam um só nisso que deveria ser diversão, distração e que tem sido, erroneamente, pressão, tensão.

E nessa cisão que considero tão minha, vejo como reflexo, o curioso movimento do nosso grupo. Há quartas que me sinto pertencente a um grupo, pelo carinho, pelos olhares. Há quartas que me sinto solitária, como se não houvesse eco os sorrisos e mãos dadas da semana anterior.

Não te escrevo para justificar meus erros, nem para pedir sua direção. Te escrevo apenas para compartilhar. Porque sei que se, a qualquer momento, a luz branca da platéia acender, lá estará você.

Uma rima, uma lágrima e um sorriso,

Lydia

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